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sexta-feira, 28 de setembro de 2018

Histórico do bairro de Vargem Pequena

História de Vargem Pequena
No início, toda a região da Baixada de Jacarepaguá não tinha um dono, embora a rica diversidade de seres vivos. Índios, animais e vegetais conviviam com inteligência em simetria às leis da natureza. Essa harmonia ambiental cessou com o descobrimento do Brasil. O rei de Portugal passou a ser proprietário de tudo, com o poder de dividir o mundo descoberto entre os vassalos sem, contudo, perder a autoridade central e absoluta. Seus representantes no Brasil também tinham direito de doar em seu nome terras para a agricultura. Eram as chamadas sesmarias.
    Os primeiros sesmeiros, entretanto, não cultivaram os solos recebidos. Em 1594, os filhos do Governador Salvador Correia de Sá, Gonçalo Correia de Sá e Martim Correia de Sá, fizeram petição ao pai-governador para a concessão da sesmaria de Jacarepaguá para eles, alegando que, passados quase trinta anos, os antigos sesmeiros não tomaram posse da mesma.
“... seus dois filhos, Gonçalo e Martim de Sá, vieram a ser os dois maiores latifundiários do Rio de Janeiro ao receberem, em 09 de setembro de 1594, toda a terra existente entre a restinga da Tijuca e Guaratiba. Estas sesmarias correspondiam, portanto, a toda a região hoje conhecida por Baixada de Jacarepaguá. Seus direitos foram confirmados, em 1597, por Felipe I, de Portugal, e os irmãos de comum acordo partilharam a propriedade. Tocou a Martim, que a passou para o filho Salvador Correia de Sá e Benevides, a área leste da lagoa de Camorim, onde foram construídos os engenhos da Tijuca, Nossa Senhora do Desterro e Nossa Senhora da Cabeça, correspondendo hoje às localidades de Itanhangá, Anil, Freguesia, Taquara, Cidade de Deus, Gardênia Azul e Barra da Tijuca.

A parte de Gonçalo de Sá compreendia a área a oeste de Camorim até as terras dos padres da Companhia de Jesus, em Guaratiba e incluía o que hoje conhecemos por Vargem Grande, Vargem Pequena e Recreio dos Bandeirantes.A divisa entre as duas sesmarias seria uma linha entre a Pedra Branca e o rio Pavuna, acompanhando o curso deste até sua foz, e dali em linha reta até o mar.”
Gonçalo ocupou a sua sesmaria sem perder muito tempo. Construiu o Engenho do Camorim e arrendou boa parte das suas propriedades a terceiros. Assim, os domínios de Gonçalo se transformaram rapidamente em povoações, enquanto os de Martim até hoje têm grandes vestígios rurais.
Gonçalo Correia de Sá casou-se com Dona Esperança da Costa. Dessa união nasceu a filha Vitória de Sá. Em 1628, chegou ao Rio de Janeiro o fidalgo espanhol Dom Luís Céspedes Xeria, que viajava desde Madri para Assunção, a fim de assumir o cargo de governador do Paraguai. Céspedes foi hóspede oficial da cidade, pois, na época, Portugal e Espanha estavam unificados sobre a mesma coroa. No dia 21 de março de 1628, em grande festa na casa do então governador do Rio de Janeiro – Martim Correia de Sá, Céspedes casou-se com Vitória Correia de Sá, filha de Gonçalo e sobrinha de Martim. Como dote de casamento, Gonçalo doou parte de sua sesmaria de Jacarepaguá a Dom Luís Céspedes. Os irmãos Correia de Sá faleceram anos depois: Martim em 1632 e Gonçalo em 1634. Nesse mesmo ano de 1634, a mulher de Gonçalo, Dona Esperança, e a filha Vitória venderam a propriedade a Salvador Correia de Sá e Benevides, filho do falecido Martim. Dona Vitória, entretanto, não se desfez de tudo. Ela continuou com a parte que o marido recebera de seu pai como dote de casamento. 

Em 30 de Janeiro de 1667, Vitória de Sá, viúva e sem filhos, meses antes de falecer determina em seu testamento:
    “Declaro que as terras desde o rio Pavuna até o mar e correndo a costa até junto da Guaratiba, com seus montes, campos, restingas, lagoas e rios, são meus, que nomeio e instituo por herdeiro universal de todos os bens aqui nomeados e dos que adiante por alguma razão me pertença, ou seja herdeira ou restituição de minha alma, ao mosteiro de São Bento da inovação de Nossa Senhora de Mont Serrat, desta cidade do Rio de Janeiro”.
Os Monges Beneditinos que dividiram o Engenho do Camorim, criando a fazenda de Vargem Pequena.
Em 1776, o Padre Frei Gaspar de Madre de Deus construiu a igreja de N. Sra. do Pilar, atual Nossa Senhora de Monte Serrat, tombada pelo Patrimônio Histórico e Artístico, no alto de uma elevação com bela vista da planície vizinha.
Fonte
www.vargemgrandetur.com.br/vargem-grande-historia

Após restauração


Fonte: 
https://oglobo.globo.com/rio/bairros/crise-para-obra-paroquia-quer-patrocinio-para-restaurar-capela-17842653

Em 1678, Frei Bernardo de São Bento, monge-arquiteto do Mosteiro de São Bento, traçou a primeira estrada de acesso da região, a Estrada Velha do Engenho, que interligava as propriedades dos Beneditinos. Essa estrada teria os nomes de Pavuna, Curicica e de Guaratiba e hoje corresponde a Estrada dos Bandeirantes. Em 1710, o corsário Duclerc passaria pela estrada aberta pelos beneditinos com seus soldados para atacar a cidade do Rio de Janeiro.
Durante dois séculos os beneditinos exploraram a região com a criação de gado, cultivo de mandioca e preparo da farinha, coadjuvantes do cultivo da cana-de-açúcar. Com o surgimento do ciclo do café, sítios e chácaras passaram a cultivá-lo intensamente. Em Vargem Pequena se concentrava uma pequena população, composta de sitiantes dos Beneditinos, cuja produção se comprometia com a Ordem, sediada no centro da cidade.
Em 1891, todas essas terras da ordem dos Beneditinos foram vendidas para a Companhia Engenho Central de Jacarepaguá, sendo repassadas ao Banco de Crédito Móvel.
Os lavradores, não reconhecendo o direito do Banco, fundaram a Caixa Auxiliadora dos Lavradores de Jacarepaguá e Guaratiba.

Na década de 1930, ocorreu um aumento da venda de terrenos, e, após 1936, a Empresa Saneadora Territorial Agrícola, de Francis Walter Hime, passou a fazer o saneamento, loteamento, venda e administração da localidade.
De características rurais, com planícies, montanhas, sítios e casas de veraneio, o bairro vem ganhando feições urbanas com o surgimento de grandes loteamentos e condomínios ao sul da estrada dos Bandeirantes, que ocupam as regiões alagadiças em direção ao canal do Portelo. Completam o quadro as comunidades de baixa renda como Palmares e Mont Serrat, um pequeno shopping center construído na estrada dos Bandeirantes e empreendimentos ao longo da estrada Boca do Mato, acesso interno da região. Nessa via a Universidade Estácio de Sá implantou seu curso de medicina veterinária, criado em 1996, no campus Vargem Pequena.

O bairro possui áreas de lazer voltadas para eventos, eco-turismo. Acima da cota dos 100 metros, situa-se o Parque Estadual da Pedra Branca, que abrange a Serra Alto do Peri, o Sacarrão Pequeno (379 m), o Pico do Sacarrão (669 m) e a Pedra Rosilha (472 m).

O bairro de Vargem Pequena está ligado ao Recreio dos Bandeirantes pela Estrada Benvindo de Novaes, a Vargem Grande pela Estr. Dos Bandeirantes. O bairro encontra-se em vigorosa expansão imobiliária, com construções de condomínios acontecendo por todos os lados. É um dos bairros que mais vem crescendo na cidade do Rio de Janeiro, tendo passado de 11536 habitantes em 2000 para 27250 habitantes em 2010.

Infelizmente, seguindo uma tendência de mau planejamento e crescimento urbano, possui algumas áreas de ocupação ilegal com formação de condomínios de alto padrão dentro da reserva da Pedra Branca, como também na construção de condomínios nas áreas de alagados com assoreamento de rios e canais, principalmente o Canal do Marinho, Rio Vargem Pequena, Cancela e Calembá.
Ainda preserva um certo bucolismo tranquilo e arborizado. Cercado por montanhas e com ar muito puro e fresco, é refúgio para os amantes de natureza e esporte.

 ( Conquistadores e povoadores do Rio de Janeiro, Elysio de Oliveira Belchior, 1965)
( História das Ruas do Rio de Janeiro, Brasil Gerson, Rio de Janeiro: Brasiliana, 1965)

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